Casa de Muitas Artes

História da dança.

Lugar por onde muitos caminham, dançam, crescem.

Diversas histórias e vidas que se cruzam por aqui.

Casa, corpo orgânico, espaço de vida, de acontecimentos,

pesquisas, descobertas e produções.

 

 

Casa Cultural Tony Petzhold

 

          Av. Cristóvão Colombo 400. Uma parada, um lugar, uma casa. Um abrigo para tantos! Terreno fértil, paredes que resguardam, guardam, apóiam. Lages sólidas e telhas, parte ainda de barro, vivas e sorridentes. Escadarias que nos levam ao porão, nunca esquecidas na vida daqueles que por lá já passaram. Da frente para os fundos, duas edificações: uma casa de andar superior e porão que completará 100 anos em 2016 e uma construção de dois andares que abriga dois imensos salões, camarins e palco e que acolhe mais de 5 décadas de aulas, ensaios e espetáculos.

 

          Casa habitada por tanta gente, tanta arte, tanto trabalho de lapidação física, artista e emocional! Milhares de bailarinos, atores, músicos, estudantes, profissionais e amantes da arte. Tanta vida que se deu e recebeu! Caminhos cruzados, trilhados, compartilhados, compondo coreografias, sonoridades e personagens. Almas despindo se com timidez ou furor, em movimento de pura necessidade e dever. Dever de ser humano, criador e transformador. Dever de buscar algo que faça sentido sentir, perceber e lutar. Possibilidade de viver com olhos mais abertos, ouvidos mais atentos, pele mais sentida. Possibilidade de ser tantos personagens, alçar tantos vôos, rodopiar o espaço e rolar nas profundezas da terra. Fazer as estrelas brilharem num simples gesto de mãos.

 

          Antônia Seitz Petzhold foi quem deu início a todo este movimento, toda esta dança dos corpos, das artes, dos arteiros. Há quase 60 anos ela estacionou sua Escola de Bailados Clássicos neste endereço: Avenida Cristóvão Colombo, 400. Estudou dança e piano desde pequenina. Formando se em orquestração e regência mas preferindo se dedicar de corpo e alma ao movimento da dança. Jovem precursora, de modos ousados e desafiadores, construiu uma linda trajetória de atuação e formação em dança. Um dos pilares sagrados que sustenta o desenvolvimento da dança de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Teceu, também ali neste endereço, uma teia de relações e conhecimentos que continua a se expandir, mesmo depois de sua morte, em 6 abril de 2000.

 

          A Casa Cultural Tony Petzhold, como é chamada agora, foi reformada e resgatada. Ana Cláudia Pedone e Thais Petzhold, bailarinas/professoras/pesquisadoras/artistas, iniciaram a prática deste movimento em fevereiro de 2012. A solenidade de inauguração aconteceu dia 22 de junho de 2013, mas desde janeiro deste ano, atividades voltadas para a formação, pesquisa e produção artístico/cultural já têm sido desenvolvidas.

 

          A Casa Cultural Tony Petzhold continua abrigando a arte e seus movimentos/momentos. Período de resgate, reconstrução, transformação. Gerações dialogando, trocando, dançando. Outros olhares, mesmas buscas. Atualmente a diversidade artística, convivência, cooperação, criatividade, ação e transformação compõem o movimento da Casa.

 

           Somos parceiros de diversos profissionais e grupos no desenvolvimento de diversificadas atividades de formação, pesquisa e produção ligadas às artes cênicas, música, artes plásticas e visuais, literatura, arte/terapia, educação somática e outras práticas corporais (Integral Bambu e Slak Line). Acreditamos na construção de relações cooperativas e responsáveis com foco na eficiência e potência baseadas na consciência da interdependência.

 

          A Casa deixou de ser apenas referência de lugar artístico porto-alegrense. Ela faz parte, agora, deste mundo que se tornou nossa pequena aldeia a partir de um grande fluxo de informações virtuais, engarrafamentos aéreos, esfacelamento de fronteiras culturais. Uma aldeia onde a cooperação, o respeito, a natureza, o conhecimento, a arte e a felicidade devem imperar. Esta é uma Casa dessa bela aldeia, que preserva a nossa história, acolhe nosso presente e se abre para o futuro.

 

 

Por Thais Petzhold